O nosso é o melhor

 

O artigo a seguir é baseado no capítulo 75 do Livro “A arte de pensar claramente” de Rolf Dobelli.

“...Algumas semanas atrás, comprei um linguado. Determinado a fugir da monotonia dos molhos familiares, vislumbrei uma receita nova – uma ousada combinação de vinho branco, purê de pistache, mel, raspas de casca de laranja e um fio de vinagre balsâmico. Ao comer, minha mulher empurrou o peixe para a beira do prato e começou a tirar o molho. Eu por outro lado, não achei nem um pouco ruim. Expliquei-lhe que ela estava perdendo uma criação revolucionária, mas sua expressão permaneceu a mesma.

Duas semanas depois, o prato do dia era linguado novamente. Dessa vez, minha mulher foi a cozinheira. Ela fez dois molhos: seu consagrado beurre-blanc e uma nova receita de um reputado chef francês. O novo ficou horrível. Depois do jantar, ela confessou que aquela não era nenhuma receita francesa, era a minha obra-prima de duas semanas atrás! Ela me pegou.”

A história ilustra bem a síndrome: “o nosso é o melhor”. Isto vale para idéias, soluções, trabalhos, apresentações, invenções.

Nas empresas prevalece o mantra: as idéias internas são melhores que as que vêm de fora. Ledo engano, o importante é o bem que a idéia pode provocar nos resultados para a empresa. 

O mesmo vale para nossa família, nossa comunidade, nossa igreja. A síndrome do “o nosso é o melhor” nos pega o tempo todo; bloqueia proposições externas. Não é fácil estar aberto para aceitar opiniões vindas de fora dos nossos ambientes. Até por questões antropológicas nos fechamos em nossa comunidade com medo das ameaças exteriores.

Moral da história

Negligenciamos idéias inteligentes simplesmente porque vieram de outras culturas.

Tentamos manter produtos e propostas para os nossos clientes, mesmo quando não mais os encantamos. Perdemos o mercado, mas não as nossas idéias: “não é culpa nossa – o cliente é que não está nos entendendo”.

Opinião

O orgulho da nossa criação tenta impedir substituições.

Quando isso não é possível fisicamente, tentamos manter na memória das pessoas nossas criações de sucesso com cansativas histórias do passado.

A síndrome do “o nosso é o melhor” se junta à síndrome “no meu tempo” – formando uma terrível parede para novas propostas externas.

Lição para o plano de vida VISIOVITA

Estar aberto para uma avaliação de propostas independente se internas ou externas deve ser um exercício constante a ser praticado em todas as nossas atitudes e comportamentos.

Manter a mente aberta contribui sobremodo na elaboração do nosso plano de vida.

O importante é o bem que a nova idéia pode proporcionar.

 

D'Bernardes Vieira